Em palestra na Sicomércio 2025, especialista aponta que transformações sociais e tecnológicas exigem reinvenção das relações sindicais e das estratégias de diálogo
Diante das constantes transformações no mercado do trabalho, o professor José Pastore subiu ao palco da Sicomércio 2025 para apresentar a palestra “Negociação Coletiva no Cenário Atual”, nesta quinta-feira, 10/07, no CICB, em Brasília. Com uma carreira dedicada ao estudo das relações do trabalho, Pastore alertou que o avanço da tecnologia, as novas gerações e as pautas identitárias estão redesenhando as relações entre empregadores e empregados.
Durante a palestra, ele destacou que os jovens de hoje, especialmente aqueles que atuam como autônomos ou empreendedores, mostram pouco interesse pelos sindicatos, pela previdência social ou pelas formas tradicionais de trabalho. “Eles valorizam flexibilidade, qualidade de vida e realização pessoal. Não querem chefes, metas e nem amarras contratuais”, afirmou. Tal postura representaria um enorme desafio para o sindicalismo, que precisa se reinventar para conquistar a simpatia das novas gerações.
Além disso, Pastore apontou a dispersão das categorias profissionais, provocada pela terceirização e por outros fatores, como um obstáculo adicional para o fortalecimento das entidades sindicais. “Os sindicatos prosperam mais quando há grandes concentrações de trabalhadores com profissões homogêneas. A realidade atual vai na contramão disso”, explicou.
Outro tema central da palestra foram as chamadas pautas identitárias, que vêm ganhando espaço nas mesas de negociação coletiva. Questões ligadas a raça, gênero, orientação sexual e origem social têm mobilizado grupos de trabalhadores e, segundo o professor, gerado tensões dentro das empresas. “O risco é transformar essas pautas em um ambiente de confronto entre ‘oprimidos’ e ‘opressores’, o que pode impactar negativamente a imagem e a produtividade das organizações”, alertou ele. “O ambiente de negociação coletiva está cada vez mais complexo e exigente. Muitas dessas pautas são caras e, se mal conduzidas, podem gerar crises institucionais e danos à reputação das empresas”, completou.
Para enfrentar esses desafios, o especialista ressaltou a importância de profissionalizar e capacitar os negociadores patronais, além de investir no fortalecimento das entidades representativas. “As negociações coletivas são, cada vez mais, o caminho para resolver as tensões e as demandas do mundo do trabalho. Mas é preciso preparo, diálogo e entendimento”, recomendou.
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