Em palestra, Roberto Funari propõe uma liderança mais humana, consciente e conectada com os desafios do presente e do futuro
Com uma carreira de quatro décadas em empresas globais e passagem como CEO da Alpargatas, Roberto Funari levou ao Sicomércio 2025, nesta quinta-feira (10), em Brasília, uma reflexão sobre o papel da liderança na era da inovação e da transformação contínua.
“Transformar negócios é importante, é gostoso, mas transformar pessoas é muito mais gratificante.”
Falando sobre o tema Liderança Humanizada Transformacional, Funari apontou a urgência de repensar modelos de liderança diante das mudanças sísmicas que atravessam a sociedade e o mercado de trabalho, como o avanço tecnológico, emergência climática, novas gerações e revolução demográfica.
“Estamos vivendo uma era em que o novo acontece a cada instante. Isso exige nova liderança. Uma liderança corajosa, mas principalmente humana”, disse.
Paradoxos e desconexões
O palestrante apresentou dois paradoxos que, segundo ele, geram desconforto e exigem ação. O primeiro é o crescimento individual versus o enfraquecimento coletivo. “Estamos crescendo como indivíduos, mas perdendo força no coletivo. E isso é grave. As instituições que vocês representam lidam com o coletivo.”
O segundo paradoxo, segundo Funari, é a distância entre o discurso de transformação e a prática. “Todo mundo fala em transformação, mas poucos realmente transformam. Um estudo com 300 empresas de diversos países mostrou que só 12% das transformações atingem seus objetivos. Estamos investindo energia para resultados medíocres.”
Funari defendeu que organizações não se transformam por si mesmas, são as lideranças que promovem essa mudança. “Liderar é conduzir de dentro para fora. É assumir a responsabilidade de se transformar para, a partir disso, transformar o todo.”
Para isso, ele propõe uma liderança baseada em três pilares:
– Determinar uma narrativa inspiradora e um senso de urgência
– Desdobrar a transformação em múltiplas frentes integradas
– Integrar a transformação ao ritmo operacional das organizações
O palestrante elogiou o Programa Atena, criado pela CNC para o desenvolvimento sindical do Sistema Comércio. “Conheci o Atena e fiquei impressionado. Ele traz OKRs ousados, indicadores claros e tecnologia como acelerador.”
Superando obstáculos invisíveis
Funari identificou três grandes barreiras para a transformação: fricção, silos e mentalidade.
“Grandes planos de mudança colapsam no detalhe da execução. Temos que saber administrar a fricção, romper os silos organizacionais e abandonar a mentalidade fixa”, afirmou.
Ele propôs também uma abordagem baseada em agilidade, com reuniões curtas e semanais para ajustes e planejamento contínuo. “Errar rápido, aprender rápido e ajustar com baixo custo. Isso é transformação viva”, resumiu.
Escutar, engajar, executar
Funari sintetizou sua proposta em três verbos: escutar, engajar e executar com ritmo. Ele introduziu o conceito de escuta generativa que vai além da escuta ativa: “É ouvir para identificar possibilidades futuras e emergentes. Observar o que acontece na prática, sentir o que não é dito, perceber o que se passa na linha de frente, tudo isso é essencial para engajar e liderar de verdade”.
Para o futuro, Funari sugeriu o fortalecimento de duas competências essenciais: a centralidade no cliente, que exige empatia e excelência em compreender o humano; e a mentalidade de crescimento, que entende que errar faz parte do processo e que habilidades podem ser desenvolvidas ao longo do tempo.
“Liderar com resultados é importante, mas liderar com humanidade, clareza de propósito e coragem é essencial.”
O Sicomércio 2025 segue até esta sexta-feira (11), reunindo empresários, autoridades, lideranças sindicais e do Sistema Comércio.
The post Sicomércio 2025: Liderança com propósito na era da transformação first appeared on Portal do Comércio.