Ex-atleta e apresentador conta como a paixão pelo esporte o reconduziu à vida após acidente que o deixou paraplégico
Com um auditório lotado e olhos atentos, a plenária “Motivação e Foco para Superar Limites”, apresentada por Fernando Fernandes nesta segunda-feira (7) no Conecta 2025, foi destaque no evento promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em Brasília. Atleta paralímpico, apresentador e referência na luta pela inclusão, Fernandes compartilhou uma trajetória marcada por sonhos, frustrações, recomeços e vitórias, com o esporte como fio condutor.
Em uma narrativa envolvente, Fernandes resgatou sua infância e juventude, quando sonhava ser jogador de futebol. Passou por grandes clubes como Corinthians, Palmeiras, Flamengo e Portuguesa, mas viu o sonho ser interrompido por sucessivas dispensas. Ainda jovem, encontrou na moda uma forma de sustento, tornando-se modelo internacional e estrelando campanhas de marcas como Dolce & Gabbana. Mas o sucesso profissional escondia uma frustração pessoal que era o afastamento do esporte.
O acidente e a reinvenção
Em 2009, aos 28 anos, prestes a estrelar a campanha mais importante de sua carreira, Fernando Fernandes sofreu um acidente de carro durante um jogo de futebol com amigos. “Quando tentei chutar a bola e a perna não veio, eu percebi que algo muito sério tinha acontecido”, contou. O diagnóstico foi duro: lesão medular e paraplegia.
Durante a recuperação no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, o esporte voltou a ser refúgio e ferramenta de transformação. “Ali eu entendi que tinha algo que ninguém podia me tirar: o dom e o amor pelo esporte”, afirmou. A partir dali, traçou um plano B, que foi reconquistar a sensação de capacidade por meio da prática esportiva.
A primeira São Silvestre
Três meses após o acidente, ele se lançou em seu primeiro desafio: participar da Corrida de São Silvestre. “Falei para o médico, fisioterapeuta e educador físico. Dois balançaram a cabeça. Mas o meu educador físico, me olhou e disse: ‘Você quer isso? Então vamos!’”, relembrou. Sem recursos para comprar uma cadeira adaptada, conseguiu uma emprestada e cruzou a linha de chegada. “Terminei em último. Mas foi o momento mais importante da minha vida. Ali, eu me reencontrei.”
Paracanoagem
Da corrida, Fernandes migrou para a canoagem, esporte que lhe devolveu a sensação de liberdade. Em pouco tempo, se tornou referência, foi tetracampeão mundial, tricampeão panamericano e tetracampeão sul-americano. “Eu era o mais forte, o mais rápido. Mas, de fora para dentro, ainda via olhares que me enxergavam como incapaz”, refletiu. Foi quando compreendeu que precisava mais do que vencer: precisava comunicar, provocar mudança.
Na palestra, ele reforçou a importância de distinguir deficiência de incapacidade. “Deficiência física é algo que adquiri com a lesão. Incapacidade é algo que todos temos, dependendo da situação. A diferença é onde focamos. Eu escolhi focar no que faço de melhor”, afirmou. Para ele, tornar-se um atleta de excelência era apenas parte do caminho. O essencial era transformar vidas ao seu redor.
Planejamento, trabalho e realização
A palestra foi guiada por um tripé simples, mas poderoso: planejamento, trabalho e realização. “Assumir a liderança dos teus sonhos. Definir metas. Formar equipes. É isso que transforma sonho em realidade”, destacou, em referência aos princípios que embasam sua trajetória, conforme também ilustrado nos slides
Ao final, Fernando Fernandes frisou que não busca o rótulo de superação. “Essa palavra é mediana. Superar é sobreviver. Eu quero ser excelência. Eu quero ser força, potência, capacidade. Porque o sonho é meu. E a realização depende, primeiro, de mim.”
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