Durante o Sicomércio 2025, economista afirma que foco em sustentabilidade e modernização pode transformar desafios do País em oportunidades de crescimento
O sócio executivo da GO Associados, Gesner Oliveira, abriu a programação desta sexta-feira, 11/07, do Sicomércio 2025, em Brasília, com a palestra Cenário Econômico: Caminhos para o Crescimento. Diante de empresários e lideranças sindicais de todo o País, o economista traçou um panorama dos desafios e das oportunidades que o Brasil enfrenta em um contexto global de instabilidade e transformação.
O palestrante começou destacando a força do setor de comércio e serviços. “É um segmento vital para a economia e para o emprego no Brasil”, afirmou ele, ressaltando também a importância do turismo e dos serviços logísticos para o desenvolvimento nacional.
Ao abordar o cenário internacional, ele alertou para o aumento da instabilidade geopolítica e comercial, sobretudo com a política dos Estados Unidos, que tem gerado incertezas nos mercados e impacto nas projeções de crescimento mundial. Mesmo assim, o economista ponderou que os países não caminham para recessão profunda, mas sim para um crescimento mais modesto.
Segundo Oliveira, o Brasil enfrenta uma “bomba-relógio fiscal”, com déficits primários recorrentes desde 2013 e uma dívida pública crescente que pode atingir 90% do PIB até 2027 caso nenhuma medida seja tomada. Com isso, a disciplina fiscal será determinante para garantir a estabilidade econômica, ao lado do controle da inflação e da redução das taxas de juros.
“Não dá para controlar a inflação apenas com juros altos. Precisamos de uma política fiscal responsável para sustentar o crescimento”, enfatizou.
Período de adaptação tributária
Entre os caminhos para impulsionar a economia, Oliveira ressaltou o aumento dos investimentos em infraestrutura, com maior participação do setor privado, e a reforma tributária, que classificou como uma das mais importantes transformações econômicas das últimas décadas. Na visão do palestrante, a transição para um sistema tributário mais eficiente vai exigir preparo das empresas, atualização tecnológica e capacitação de profissionais.
“A reforma tributária tem o potencial de mudar a cara da economia brasileira. A nova lógica, com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), busca simplificar um sistema que tira competitividade das empresas. Mas a reforma não será percebida de imediato. O cronograma é longo, vai até 2032, e durante muitos anos conviveremos com os dois sistemas — o antigo e o novo”, ponderou ele, indo além:
“As empresas precisam se preparar desde já. É hora de mapear quais operações serão mais afetadas, atualizar sistemas fiscais e de gestão, capacitar equipes, rever contratos e fazer diagnósticos para garantir que não serão pegas de surpresa. Além disso, será preciso avaliar se os atuais modelos de negócio continuarão viáveis no novo ambiente tributário”.
Na visão de Oliveira, setores como bares, restaurantes, hotéis e agências de turismo, que hoje têm regimes especiais, precisarão avaliar os impactos da reforma tributária, com até quem está no Simples Nacional devendo repensar sua permanência no modelo, diante das novas regras de crédito.
Maior cenário de oportunidades
Outro ponto central da palestra foi a inteligência artificial, apontada como uma das maiores revoluções em curso. Gesner ressaltou tanto os riscos quanto as oportunidades associadas à tecnologia, salientando que o maior perigo para as empresas será não utilizá-la. “A inteligência artificial já transforma processos, reduz custos e cria possibilidades. Quem não se adaptar pode ficar para trás”, advertiu.
Por fim, o palestrante reforçou que, apesar das incertezas internas e externas, o Brasil possui vantagens estratégicas, como o protagonismo na transição energética e a abundância de fontes renováveis. A combinação de uma política fiscal sólida com sabedoria nas negociações comerciais pode colocar o País em rota sustentável de crescimento.
“É preciso pôr o cinto e estar preparado para turbulências, mas não estamos condenados ao pessimismo. Se fizermos o dever de casa, há espaço para prosperidade”, concluiu.
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