A reunião de diretoria da Fecomércio-SE deste mês teve como destaque a apresentação de um projeto de inclusão produtiva de pessoas com deficiência (PCD), concebido e estruturado pela assistente executiva Júlia Carvalho, portadora de síndrome de down. A proposta nasce de uma imersão em dados, entrevistas e mapeamento de barreiras enfrentadas por PCDs no acesso ao trabalho formal e à qualificação profissional, resultando em um plano com frentes de ação para empregabilidade, formação e sensibilização empresarial.
Segundo Júlia, o estudo identificou “janelas de oportunidade” em três eixos: (1) qualificação técnica e comportamental com trilhas de aprendizagem modulares no Senac, acessíveis e adaptadas; (2) empregabilidade assistida, com banco de talentos inclusivo, tutoria de acolhimento e acompanhamento pós-contratação; e (3) ambiente inclusivo nas empresas, envolvendo diagnóstico de acessibilidade, protocolos de adaptação razoável, comunicação acessível e capacitação de lideranças. O plano prevê ainda articulação com prefeituras, entidades setoriais e Ministério Público do Trabalho para acelerar adesões e medir resultados por indicadores como vagas abertas, contratações, permanência e evolução salarial.
“É uma alegria imensa ser produtiva, superar limitações e poder pensar este projeto com atenção a cada detalhe”, afirma Júlia Carvalho. “Quero que ele contribua para o desenvolvimento da comunidade PCD de Sergipe, que reúne mais de 500 mil pessoas. Quando a gente abre uma porta com qualificação e acolhimento, toda a sociedade entra junto”, complementa.
No âmbito institucional, a Fecomércio-SE alinhará o cronograma do projeto à agenda de diversidade e inclusão do Sistema CNC–Fecomércio–Sesc–Senac, priorizando setores com maior potencial de contratação e rotatividade, como comércio varejista, serviços de alimentação, hotelaria e atendimento ao público. Entre as primeiras entregas previstas estão: calendário de capacitações acessíveis, guia prático de contratação inclusiva para empresas, trilhas de orientação para RHs, e uma rede de mentores para acompanhamento dos novos contratados.
O presidente da Fecomércio-SE, Marcos Andrade, ressaltou o caráter técnico da proposta e a maturidade metodológica alcançada por Júlia durante a pesquisa, além da sintonia com as diretrizes nacionais do setor.
“A Júlia demonstrou capacidade de trabalho e dedicação ao estudo ao transformar vivência e evidências em um plano aplicável ao chão da empresa. A iniciativa dialoga com a agenda da CNC e com o PL 1032/24, que trata da melhoria das condições de contratação de pessoas com deficiência. Vamos aprimorar o projeto em conjunto com as nossas divisões de Inteligência e Legislativa, com a finalidade de torná-lo uma política pública capaz de inspirar Sergipe e outros estados”, disse Marcos Andrade.
Como próximos passos, a Fecomércio-SE iniciará um projeto-piloto com empresas associadas para validar indicadores, ajustar procedimentos e consolidar boas práticas de inclusão. Em paralelo, o Senac alinhará trilhas formativas com acessibilidade plena (material didático inclusivo, recursos assistivos e avaliações adaptadas), enquanto o Sesc apoiará ações de sensibilização e bem-estar no ambiente de trabalho.
Com base em metas e mensuração contínua, a proposta busca não apenas abrir vagas, mas sustentar carreiras: reduzir a rotatividade por meio do acompanhamento pós-contratação, ampliar a produtividade com adaptações simples e baratas, e dar visibilidade a casos de sucesso que mobilizem novas adesões. A Fecomércio-SE encerrará o ciclo inicial com um relatório de resultados e recomendações regulatórias, fortalecendo a ponte entre setor produtivo, poder público e a comunidade PCD.
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