Ronan Damasco afirma que “colegas digitais” serão decisivos para enfrentar a sobrecarga de trabalho e ampliar a produtividade das empresas
O diretor de Tecnologia da Microsoft Brasil, Ronan Damasco, levou a plateia do Conecta 2025 a refletir sobre a velocidade das transformações tecnológicas e o papel da inteligência artificial (IA) na redefinição dos negócios. A palestra “Tendências tecnológicas para acelerar a transformação digital” foi apresentada na tarde desta terça-feira (8 de julho), em Brasília, dentro da programação do encontro promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A “roda” do século XXI
Logo na abertura, Damasco classificou a IA como “uma das tecnologias mais importantes já criadas pela humanidade, comparável à roda”, e afirmou que seus impactos superarão os da Revolução Industrial. Ele lembrou que os primeiros estudos em IA datam dos anos 1950, mas que a tecnologia “já nos cerca há pelo menos uma década”, citando o uso massivo de algoritmos em plataformas de comércio eletrônico, redes sociais e serviços de streaming.
Do reconhecimento de imagem à criatividade
O executivo compilou a evolução recente dos modelos: em 2016, as máquinas igualaram o ser humano em reconhecimento visual; em 2017, em compreensão de fala; em 2018, em tradução e leitura. O marco seguinte, ressaltou, veio em 2022, quando “uma obra de arte gerada por IA venceu um concurso contra artistas humanos”, demonstrando que a criatividade também migrara para o domínio das máquinas.
Conversar com os dados
Para o mundo corporativo, Damasco destacou como decisiva a capacidade de “conversar com dados”. Em demonstração ao vivo, usou o Microsoft Copilot no celular para buscar informações sobre a Confederação Nacional do Comércio e montar dicas para uma apresentação. Segundo ele, interfaces multimodais — texto, áudio, imagem e vídeo — “redefinem a experiência de busca” ao sintetizar respostas em segundos, sem exigir que o usuário abra diversos aplicativos ou páginas da web.
De assistentes a agentes inteligentes
Damasco projetou três fases para a adoção de agentes de IA:
- Humano + assistente – fase atual, em que ferramentas como Copilot auxiliam tarefas individuais;
- Equipes de humanos + agentes – realidade emergente na indústria de TI, com “colegas digitais” participando de reuniões, gerando resumos e organizando agendas;
- Humanos liderando agentes autônomos – estágio em que gestores coordenarão times formados majoritariamente por softwares especialistas.
Um estudo interno da Microsoft revelou que 20 mil servidores públicos britânicos que utilizam Copilot ganharam “duas semanas de trabalho” por ano, graças à automação de rotinas. “A nossa indústria não respeita tradição; respeita inovação. Quem não usar IA para reinventar processos verá seu concorrente fazê-lo primeiro”, afirmou.
AGI, superinteligência e novos modelos de raciocínio
Ronan Damasco reconheceu haver debate sobre quando se atingirá a IA Geral (AGI), mas argumentou que a superinteligência artificial (ASI) “já está entre nós”: versões recentes do ChatGPT “passam em qualquer exame profissional” e atingem quocientes de inteligência equivalentes a 120 pontos em testes da Mensa norueguesa. A tendência, disse, é migrar de “modelos de linguagem” para “modelos de raciocínio”, capazes de tomada de decisão, diagnóstico médico e resolução de problemas complexos.
Parceria Microsoft + OpenAI
Damasco atribuiu o ritmo das inovações à parceria firmada em 2019 entre Microsoft e OpenAI. Segundo ele, “não foi o capital, mas a infraestrutura em nuvem” da companhia que tornou possível treinar modelos como o GPT-3-5 (410 bilhões de tokens) e o GPT-4 (estimados 5 trilhões de parâmetros).
IA a serviço — não contra — do ser humano
Respondendo a temores sobre desemprego e perda de controle, o executivo reforçou a filosofia da empresa: “Chamamos de Copilot porque a IA vem para amplificar a engenhosidade humana, não para substituí-la”. Ele previu a convergência entre IA, metaverso e agentes inteligentes — “um futuro em que você conversará com o gerente do banco por realidade aumentada no celular” — e lembrou que a tecnologia “está cada vez mais próxima e mais humana”. “Já vi minha filha brigar com o Copilot como se fosse uma pessoa”, contou
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