Cerrado registra maior queda de desmatamento dos últimos anos, com recuo de 20,8%

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia atingiram o segundo menor nível da série histórica

 

O Brasil registrou uma queda expressiva de 20,8% nos alertas de desmatamento no Cerrado entre agosto de 2024 e julho de 2025, em comparação com o mesmo período anterior. Os dados divulgados nesta quinta-feira, 7 de agosto, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que a área sob alerta no bioma caiu de 7.014 km² para 5.555 km², sinalizando avanço nas ações de preservação em uma região historicamente pressionada pela expansão agropecuária.

Celebramos a queda do desmatamento no Cerrado, que é um esforço enorme. Uma boa parte do desmatamento no Cerrado tem licença para desmatar, portanto, tem uma complexidade muito grande. O desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030″
Marina Silva 
Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima

“Celebramos a queda do desmatamento no Cerrado, que é um esforço enorme. Vocês sabem que uma boa parte do desmatamento no Cerrado tem licença para desmatar, portanto, tem uma complexidade muito grande”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Ela ressaltou que “não estamos apenas nas ações de aumento de controle e precisamos cada vez mais aprofundar, porque à medida que a gente vai tirando os problemas dos desmatamentos irregulares, precisamos de alternativa para aquelas situações em que, do ponto de vista legal, a pessoa poderia desmatar.”

Entre os estados com maior área de desmatamento no Cerrado, Maranhão e Minas Gerais registraram queda de 34%, seguidos por Tocantins (-29%), Mato Grosso (-19%) e Bahia (-7%). O Piauí foi o único estado a apresentar aumento, com alta de 33% nos alertas.

AMAZÔNIA — Na Amazônia, os alertas de desmatamento atingiram 4.495 km² no mesmo período, segundo menor nível da série histórica do sistema Deter. O resultado representa um aumento de 4% em relação ao ciclo anterior, influenciado pelos incêndios florestais ocorridos no segundo semestre de 2024. Apesar disso, a queda nos alertas por corte raso sem uso de fogo foi de 8%, atingindo o menor patamar da história do sistema. Marina destacou que os incêndios em florestas úmidas, que tinham pouca influência no desmatamento, têm sido agravados pelas mudanças climáticas. “Podemos dizer que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, afirmou.

PANTANAL — No Pantanal, os alertas de desmatamento caíram 72%, passando de 1.148 km² para 319 km². As cicatrizes de queimadas recuaram 9%, totalizando 16.125 km². O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, destacou que o resultado foi alcançado mesmo diante do “pior cenário climático da história do Pantanal”.

FISCALIZAÇÃO — Nos últimos 12 meses, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou 9.540 ações fiscalizatórias na Amazônia, que resultaram em mais de 3,9 mil autos de infração, totalizando R$ 2,4 bilhões em multas. Também foram expedidos 3.111 termos de embargo, com 5.096,8 km² de área embargada, 2.124 apreensões e 873 equipamentos destruídos. “Praticamente, a gente teve mais ação de fiscalização até mesmo do que os alertas. E é bom lembrar que, até bem pouco tempo, a gente tinha 300 alertas e ações de fiscalização incomparavelmente insuficientes ao número de alertas. E é isso que está fazendo a diferença”, completou a ministra.

No Cerrado, as ações geraram 831 autos de infração, que resultaram em R$ 607 milhões em multas. Foram emitidos 466 embargos, 434 apreensões e 71 equipamentos destruídos. “Estamos promovendo uma ação muito forte para evitar as prescrições das multas e fazer com que, de fato, a impunidade não aconteça”, reiterou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

Já a diretora de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Iara Vasco, apresentou as ações implementadas para ampliar a proteção ambiental nas unidades de conservação federais geridas pelo órgão. Ao todo, foram executadas 895 ações, com 2.711 autos de infração lavrados. Desse total, 267 ações ocorreram na Amazônia, com 1.055 autos de infração. Iara ressaltou os esforços do governo federal para equipar as instituições públicas, como a realização de concursos. “Isso permitiu que tivéssemos um maior controle sobre o desmatamento das unidades de conservação”, concluiu.

DETER — O resultado do Deter é um indicativo de tendência da taxa anual de desmatamento, medida no mesmo período pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), outro sistema do Inpe.

Fonte: gov.br/secom/pt-br

Imagem: Internet

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