Estrago provocado no varejo pelos juros altos é equiparável à crise do apagão e à recessão de 2015, avalia CNC

Resultado da Pesquisa Mensal de Comércio de julho ficou abaixo das projeções da entidade

Diante do quarto resultado negativo seguido da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) avalia que o varejo brasileiro deve continuar pressionado pela combinação de crédito caro, instabilidade do câmbio e desaquecimento da atividade econômica nos próximos meses. A queda de 0,3%, divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou abaixo da projeção da CNC, que esperava um pequeno avanço de 0,1%. Com isso, no acumulado de 12 meses, o crescimento do setor recuou para 2,5%.

“Somente em duas oportunidades, as vendas no varejo caíram por quatro meses seguidos. A primeira foi em setembro de 2015, no ápice da maior recessão da história recente da economia brasileira, e a segunda em julho de 2021, no auge da Crise do Apagão. Essa sequência negativa só evidencia o estrago da maior taxa de juros em 20 anos sobre o consumo e a economia”, afirma o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, reforça essa análise e destaca que o atual nível de juros não afeta apenas o comércio, mas tem impacto direto em toda a economia brasileira: “O Brasil precisa de condições mais favoráveis ao consumo e ao investimento. Juros em níveis tão altos por tanto tempo comprometem a capacidade de geração de empregos e renda”.

O setor mais representativo do varejo restrito, o de hiper e supermercados, registrou nova queda, de 0,3%, mesmo com recuo nos preços dos alimentos. O mês também não foi bom para os setores de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-3,1%) e tecidos, vestuário e calçados (-2,9%). Em contrapartida, móveis e eletrodomésticos (1,5%) e livros, jornais e papelarias (1,0%) mostraram avanço. No varejo ampliado, houve alta de 1,3%, após a retração de 3,1% em junho, puxada por veículos e material de construção.

A Confederação entende que a desaceleração do consumo interno ocorre em um momento de incerteza externa, com a guerra tarifária entre Estados Unidos e Brasil trazendo instabilidade ao câmbio, que oscilou fortemente ao longo de julho. Os efeitos das tarifas americanas, que entraram em vigor em agosto, deverão ser captados nas próximas pesquisas.

“Esse quadro mostra que o comércio caminha para um período desafiador, em que essa conjunção de fatores pode consolidar um dos ciclos mais longos de retração já registrados no setor”, alerta Bentes.

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